
Eu sei que ele ainda vive. Escondido. Nômade na selva da minha alma.
Na mata bruta do meu coração. Eu ouço seus passos estalando folhagens e gravetos secos na madrugada ainda há pouco adormecida. Sinto seu cheiro, ouço sua respiração. E farejo, no recém amanhecido do dia, as marcas mal apagadas das pequenas fogueiras ascendidas, cautelosamente, durante à noite, pra sobreviver às madrugadas mais frias do meu coração.
Ele não sabe que o trago em vigília desde sua partida.
Das noites inteiras que venho farejando seu rastro.
Guardando minhas fronteiras. Afastando outros da espécie que lhe ameaçam o território, que lhe queiram a extinção.
Sua fuga, e sua sobrevivência, são igualmente mistérios para mim.
E sua insistência em permanecer foragido desola meu bando.
Torna pesado de mais os cuidados à minha matilha. A sua proteção.
Outros seres têm sondado minhas terras, noite e dia.
Têm se arriscando em pequenas expedições, e eu não mais vou protegê-lo.
Sua ausência já não honra as terras que me conquistou.
Que um dia as fez bravamente sua.
E posto que a espera se mostra inútil, já não merece minha proteção.
(Gab Miglino)
O homem que hoje me amar
Encontrará outro lá dentro.
Pois que o mate.
(Elisa Lucinda em Safena)
Um comentário:
Oh! My God! Será este intruso alguém que eu conheça?
Parabéns pelo texto. Emocionante e belo!
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