quinta-feira, 25 de março de 2010

)acho que hoje amanheci por dentro. Eu hoje amanheci por dentro(


(Viviane Mosé)

terça-feira, 23 de março de 2010

aFeto


(Verso e sketch, Gab Miglino)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Abaporu em vermelho



A mulher que vc amou um dia
Ontem morreu
Era eu ou ela
De modo que tive de matá-la

E com fome
E com o nada que me restou
Tive de comê-la

A Comi como um índio
Um guerreiro
Que escolhe a melhor parte do adversário vencido
Para então absorvê-la

Comi-lhe o coração - forte e vivo que era o seu
Ele era a única coisa que merecia ser comida ali
O restou, se perdeu

Os ossos de memórias e saudades que lhe davam corpo
A pele de sonhos e fantasia que lhe davam contorno
As unhas, os dentes e cabelos que lhe davam beleza
A falta de estomago e de fígado que lhe davam mentiras
Os seios e sexo que lhe davam paixão e coragem

Tudo, tudo se perdeu
(Poesia e desenho Gab Miglino)

domingo, 21 de março de 2010

Da palavra que nesta casa não se pronuncia


Hoje desaprendi a palavra amor
Não me falem nunca mais na palavra amor
Nessa desexatidão de verdades e mentiras que nela deságuam
Mar onde me perdi
Onde naufraguei minha tripulação até o último marinheiro
Onde perdi minha sorte
Perdi meu norte
O que me dava leme eu perdi

Me agarro a este pedaço de madeira - papel boiando n’água
Escrevo como quem reza numa solidão de mar noturno
Onde as águas guardam seres que eu desconheço
E tudo é medo , tudo é escuro

É nesse pedacinho de madeira barata que me sobrou da proa
Onde me seguro para esse maremoto de memórias molhadas não me tragar
E então recorro ao Deus mudo, que me ouça
Que me dê a força que minha alma me nega

Sem cais Sem paz
Me esforço pra ter clareza, pra respirar
Mas no convés da garganta ainda trago preza essa palavra que não ouso pronunciar

(Poesia Gab Miglino, sketch Fernando Chuí)