CIRANDAR

Cirandar

O SER ANDA, QUE É TODO O SENTIDO
QUE DEVE SER, PORQUE É

SER É TALVEZ ESTAR, JAMAIS PERMANECER

SER É ANDAR
O CAMINHO, CAMINHAR
QUE O POETA NOS ENSINA - NOSSA SINA DE CHEGADA, É TAMBÉM DESPEDIDA

PORQUE SIM, PORQUE É OU, NÃO É
E ENTÃO, O QUE SOBRA É O QUE ENSINA

QUE É SEMPRE ESTRADA, NUNCA CAMINHO
QUE PRA ONDE CAMINHO NÃO HÁ NADA
NADA QUE AINDA EU CONHEÇA

CONHEÇO APENAS AS PEGADAS
OS VESTIGIOS QUE AO MENOS VEJO,
PORQUE SIM

SEI APENAS DAS PEGADAS, MINHA ESTRADA SEM UM FIM
QUE O FIM É O NADA, O QUE NEM SEI
AMAR A ESTRADA, SIM

QUE SEJA ELA SEMPRE COMPRIDA,
QUE SER É ANDAR
E CIRANDAR É VIDA

Gabriela Pimentel Miglino

Desenhando no teto

Não quero ficar muito repetitiva, mas fazer o que se o Milton de fato merece, e têm sido companhia tão necessária nesses dias. Hoje vi o sol nascer pegando a estrada, sozinha, o que é a cara do Milton. Estrada, solidão, vontade de fé e faca amolada. A música é linda e perfeita pra batizar esses momentos em companhia de nós mesmos.

Sem mais, porque ela realmente fala por si, por nós, por mim.

Cais

Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar

(Milton Nascimento)